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Sobre nós

A campanha o silêncio tem voz é uma iniciativa organizada pela Comissão de Proteção ao Idoso com o apoio da Jerónimo Martins.

A Comissão de Proteção ao Idoso é uma IPSS de defesa e promoção dos direitos da pessoa idosa.

A Jerónimo Martins reconheceu o valor do nosso projeto e tornou-se parceira nesta iniciativa.

O objetivo é uma campanha de sensibilização dos jovens contra a violência sobre a pessoa idosa.

O dia 15 de junho é o dia mundial de sensibilização para a violência contra a pessoa idosa.

A campanha irá decorrer na semana de 12 a 16 de junho nas escolas que se inscreveram.

Serão fornecidos elementos de apoio e filmes através desta página para serem utilizados pelos professores e pelos alunos.

Pretendemos aprofundar o conhecimento, estimular o debate e criar uma dinâmica de valorização da pessoa idosa.

No ano de 2021 o tema principal da nossa atividade foi a intergeracionalidade.

No ano de 2022 centramos a nossa atenção no direito de participação das pessoas idosas.

Neste ano de 2023 o tema será a inclusão digital.

Por este motivo, a campanha deste ano tem uma parte dedicada à inclusão das pessoas idosas através das novas tecnologias.

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Mensagem do presidente da Comissão de Proteção ao Idoso

Caras e caros professores e alunos,

Aproxima-se o dia 15 de junho – Dia Mundial da Consciencialização da Violência contra a Pessoa Idosa.

Esta data foi instituída pelas Nações Unidas com o objetivo de refletir e combater todas as formas de violência contra a pessoa idosa.

A violência contra a pessoa idosa é reconhecida à escala global como um grave problema de saúde pública e de direitos humanos, estimando-se que um em cada seis idosos tenha sofrido algum tipo de violência nos últimos 12 meses.

Os estudos indicam que os companheiros e os membros da família estão envolvidos na maioria dos casos de violência contra as pessoas idosas.

Os agressores também incluem cuidadores formais, profissionais de saúde, ação social e outros, bem como amigos e vizinhos.

Apenas um pequeno número de vítimas denuncia e apresenta queixa junto das autoridades competentes.

Assim, ‘a violência permanece silenciada e por isso o retrato que se tem é mal revelado’ (Sousa et al, 2012).

A Comissão de Proteção ao Idoso, enquanto associação de defesa e promoção dos direitos da pessoa idosa, considera que a dignidade da pessoa humana – e dos idosos em particular – implica viver em condições que garantam a satisfação das necessidades e permitam o desenvolvimento das potencialidades no sentido da qualidade de vida e da autonomia.

Qualquer forma de violência contra a pessoa idosa deverá ser sempre encarada como uma ofensa à dignidade humana com total repúdio por toda a sociedade e impondo-se o dever de reportar às entidades competentes.

Com este desiderato e com a preocupação de conseguirmos uma sociedade mais amiga dos idosos, decidimos assinalar o Dia Mundial da Consciencialização da Violência contra a Pessoa Idosa  com a campanha de sensibilização O silêncio tem voz – Diz não à violência contra a pessoa idosa.

Pretendemos uma abordagem essencialmente preventiva junto dos mais jovens envolvendo as comunidades educativas.

Os jovens são um ativo fundamental para a transformação da sociedade, a mudança de mentalidades e a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

A campanha tem como objetivo criar um espaço de reflexão e debate a partir das comunidades educativas – mas para toda a sociedade – sobre a questão da violência contra a pessoa idosa.

O silêncio tem voz é o inicio de uma caminhada que conta com o apoio da comunidade, organismos públicos, entidades privadas e de todos no sentido de derrubar barreiras e romper o silêncio.

O silêncio é cumplicidade.

Contamos com a participação de todos!
Bem hajam!

Carlos Alberto Leite Branco
Presidente da Comissão de Proteção ao Idoso

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O nosso convite, ser pessoa reconhecendo o outro

Um convite deve ser sempre encarado com entusiasmo. São sempre incríveis as coisas que nos acontecem quando aceitamos um convite. Há intrínseca uma ideia de (re)descoberta do ser pessoa.

Nascemos humanos. Tornamo-nos pessoas na experiência social. É no convite ao outro e do outro que a mudança acontece – que nos diferenciamos. Ao ser parte integrada e ativa de um todo, de uma comunidade. Na naturalização dos fenómenos integrativamente participativos – somos animais sociais, defendeu Aristóteles.

Pelo segundo ano consecutivo a Comissão de Proteção ao Idoso convida a comunidade escolar a dar voz aos silêncios da pessoa idosa. Traduzindo-os num convite ao repensar da naturalização da participação social, integrada e ativa da pessoa idosa no frenético século XXI.

Numa clara alusão à alienação da pessoa idosa da participação social. Energizada, não só, na valorização única da experiência unipessoal, mas também, pela impaciência e liquidez das relações, nos tempos que vivemos. Em que as vontades, ainda que legítimas, do Eu se sobrepõem, não contemplando as necessidades do Outro. A desumanização do individualismo.

Ande; corra; estamos atrasados; não vamos chegar a tempo; está a atrasar-me (Estou a perder a oportunidade!) Deixe estar; eu faço; não se canse; resguarde-se; eu vou (Sou mais ágil!) Isto é diferente; são os novos tempos; não vai entender; não vai conseguir; não vale a pena; é inútil (Sou mais capaz!).

Ilustração exagerada e chocante da realidade, súbita e naturalmente despercebida ou apenas subentendia? Não. Apenas leituras de possíveis entendimentos (silenciadores) maravilhosamente elucidado.

A experiência humana não deve ser entendida como resultado de apenas momentos que se sucedem. Estanque e resolutivos. Etapas objetivas e faseadas.

Tudo a e no seu tempo, não é mais que do que uma noção da caducidade da experiência vivida. Um culto ao obsoleto, ao substituível, à quebra dos laços. A participação desativa da pessoa idosa representa o paradoxo desta filosofia.

Conscientes que a educação liga as gerações. É natural que consideramos a comunidade escolar o palco propício para a reflexão desta inatural realidade. Espaço privilegiado de crescimento pessoal e gerador de mudança social.

Procuramos aqui reintegrar a importância da inergracionalidade na criação de valor para o próprio e para o outro – na experiência interpessoal do tornar-se pessoa. De alguma forma, perdida na liquidez das relações, na desvalorização da experiência pessoal do outro.

Convidamos, pois, a refletir. A quebrar silêncios. A escutar as vozes inaudíveis. A compreender a extensão da violência, muitas vezes impercetíveis, da desativação social que o processo de envelhecimento pode representar. Mascaradas no desligamento social forçosamente voluntário, consolidado na ausência do convite do outro. Sentido de pertença alienado.

Aceitemos, façamos o convite. Tornemo-nos pessoa, em nós, pelos e através dos outros, nos silêncios, que nos convidam à partilha, à educação, ao crescimento. Neste processo que é contínuo e não estagnado pelo estigma da velhice.

Sejamos pessoa reconhecendo o outro na plenitude do seu ser, no respeito pela sua vontade, necessidade e dignidade de participar ativamente com membro da comunidade. Se assim for o seu desejo. Reconhecendo a mais-valia da experiência humana do outro, rica e diferenciada. Cumulativa e valiosa. Sempre valida e proveitosa.

Um convite é dar esperança no amanhã.

Herculano Andrade
Psicólogo
Colaborador da Comissão de Proteção ao Idoso

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A 3ª edição da nossa campanha

Damos um passo em frente, em direção ao futuro. Seguimos juntos, perseverantes e confiantes que as vozes que escutamos, os silêncios que quebramos foram apenas os primeiros.

Não queremos romper com o futuro, queremos partilhá-lo. Assim, pela terceira vez, a Comissão de Proteção ao Idoso com o apoio do Grupo Jerónimo Martins vai junto da comunidade escolar, com o mote do digital consciencializar para a Violência contra a Pessoa Idosa.

Assumimos o compromisso. Continuamos firmes na promoção e estimulação da partilha de conhecimentos e experiências entre gerações como forma de combater uma das mais inaudíveis formas de violência contra a Pessoa Idosa – a desconsideração, a exclusão e o isolamento.

Abrimos o convite à reflexão. Pensemos o digital na sua mais imensa vastidão e amplitude. A perspectiva de cá e de lá. De lá para cá e cá para lá. No tempo e na escuta. No real e no digital. Na partilha e na inclusão. Na oportunidade de integração.

Partimos do pressuposto que o digital não vetou o real ou imaginado. O novo ou idoso. O velho ou novo. Não de uma forma de consciência apropriada ou recreada da inteligência artificial. Exponenciou sim, a experiência e as vivências de cada um, no verdadeiro sentido da oportunidade.

Conscientes, porém, que deu voz a outros silêncios. E estes foram prontamente ouvidos, por queles que ouvem, e por tanto tempo passarem a ouvir, demasiados passaram a não ter tempo para escutar. Escutar com tempo para incluir. E a esses que não foram incluídos, escassamente audível a voz se perpetuou. Na esperança do silêncio rompido, pelo tempo e pela escuta.

O desafio é esse, dar voz a esses silêncios, pois, o silêncio tem voz. Incluir. Partilhar. Seguir juntos. Criar pontes. Usar da materialização da inergeracionalidade que o digital agilizou.

Criar. Aproximar. Ensinar. Não Desconsiderar. Partilhar. Escutar. Aprender. Não Excluir. Estar. Construir. Solidificar. Não Isolar.

Herculano Andrade
Psicólogo
Colaborador da Comissão de Proteção ao Idoso

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